Trabalhar, segundo uma reportagem publicada na revista do NYTimes no último fim de semana. Há dez anos o mesmo jornal tinha mostrado um
cenário exatamente oposto, em que as mulheres, mesmo as altas executivas, estavam
optando por ficar em casa para cuidar dos filhos. Uma década depois, ao ouvir
as mesmas mulheres, a realidade se inverteu.
Essas mães contam que o sonho de se dedicar exclusivamente à
educação das crianças cobrou seu preço -
às vezes alto, traduzido em falta de independência,
golpe na auto-estima, uma divisão injusta de tarefas domésticas...
É bem verdade que nenhuma se arrependeu da opção feita anos
atrás. Mas todas começaram um movimento de volta ao mercado. Muitas se reinventaram,
buscaram novas ocupações e profissões, tudo sem abrir mão da flexibilidade para
continuar cuidando dos filhos.
O que nos diz esse retrato? Que estamos na estaca zero
novamente e que se alguém conseguiu encontrar o equilíbrio entre profissão e
filhos, por favor, se manifeste. Meu tempo de maternidade é justamente essa
década que separa as duas reportagens. Desde que me tornei mãe, vi de tudo
- gerente que virou professora, diretora
que virou dona de loja, farmacêutica feliz da vida em casa, analista de RH que
virou autônoma, bancária transmutada em corretora de imóveis... Mas o que mais
vi mesmo é mãe ser demitida.
Raríssimas conseguiram levar a mesma vida, no mesmo ritmo e
com os mesmas responsabilidades de antes. Algumas optaram por ficar em casa e
encontraram uma realização genuína nesse papel. A esmagadora maioria luta todos
os dias, entrando e saindo de empregos, inventando e reinventando trabalhos, tentando
equilibrar tarefas, horários e responsabilidades para acompanhar os filhos de
perto sem tirar o pé do mercado. Todas, sem exceção, dizem se sentir sempre em dívida – ou no trabalho, ou em casa.
Eu me incluo nesse grupo. Desde que tive minha primeira
filha, alternei períodos em que trabalhei como free-lancer, em casa, e outros
em que voltei às redações. Tive grandes conquistas profissionais e não lamento
nada das minhas escolhas. Mas também sei que muitos trabalhos ainda estão fora do meu alcance porque são incompatíveis com o tempo dos meus
filhos.
A partir da reportagem, uma organização americana fez uma
enquete com mais de duas mil mães, publicada no Huffington Post, e comprovou que a enorme maioria sonha mesmo com um trabalho meio-período. Das que estão em casa, mais da metade não teria
parado de trabalhar se pudesse ter um horário mais flexível. E a esmagadora maioria planeja voltar ao mercado.
Por enquanto vivemos uma espécie de “paz negociada”, em que
as mulheres vão se ajeitando como podem enquanto os filhos crescem. Quem dera a
gente pudesse exigir uma PEC das mães que garantisse meio-período para quem tem
crianças, com direito a sair no horário sem cara feia do chefe.
Mas o que será que vai dar quando esse exército de mães extremamente
motivadas, acostumadas a desempenhar múltiplas funções, treinadas na arte de
driblar conflitos e encontrar soluções, acostumadas a fazer das tripas coração
resolver voltar às trincheiras? Espero que pelo menos minhas filhas vejam alguma
mudança na sociedade.
E você? Como resolveu a equação entre a vida profissional e a
maternidade? A gente quer saber!
Beijos,
Gabi
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