terça-feira, 18 de junho de 2013

iAgora?


Ok. A gente sabe que a tecnologia veio prá ficar, que faz parte do mundo das crianças e que tem muita coisa boa a oferecer (blogar por exemplo...eh,eh,eh). Mas que dá uma aflição danada toda vez que a brincadeira gira excessivamente em torno de telas...ah isso dá. Afinal, a gente não quer transformar o Apple num verdadeiro Pineapple..

Existe uma distância enorme entre presentear com um smartphone criaturas que nem sabem ler e achar que essa brincadeira é só de adulto. Perdida no meio desse caminho, fico me perguntando como tirar proveito desses recursos e impor limites, sem voltar ao tempo das cavernas. Esse assunto veio à tona em algumas entrevistas que fiz ultimamente.  

Então, vamos ao que dizem os especialistas. Prá começo de conversa, a Academia Americana de Pediatria diretamente recomenda não oferecer os badulaques digitais aos menores de dois anos de idade. Simples assim. Quanto mais seu bebê usar todos os sentidos para conhecer o ambiente que o cerca, mais rica será sua experiência. Ponto. Desnecessário dizer que isso vai fazer dele alguém mais criativo e inteligente.

Depois, a questão passa a ser, claro, de dosagem. “Não se trata de proibir, mas também não é o caso de liberar de forma irrestrita, como se a criança soubesse os limites”, diz o psicólogo Lino Macedo, da USP. Bingo. Isso porque o amadurecimento do cérebro que permite o controle dos impulsos só chega lá pelos 18 anos de idade. Até lá, reina a impulsividade. Ou seja: cabe aos pais exercer o famoso controle parental para saber se os filhos estão jogando jogos adequados à idade e estabelecer limites de tempo. Deixados à própria sorte, eles simplesmente não vão saber se desligar do aparelho.  “Você não deixa uma criança sozinha com um pote de sorvete, certo?”, compara o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Grupo de Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.

Agora, os riscos do excesso: em primeiro lugar, abduzida pelo mundo digital, a criança deixa de interagir “ao vivo e a cores” com as pessoas. E isso a priva de um aprendizado essencial: saber ler o comportamento dos outros – que é a base da empatia. Em segundo, esses jogos acionam um padrão cerebral que, repetido muitas e muitas vezes, faz a pessoa lidar com o mundo de um jeito mais dedutivo e menos analítico – ou seja, de certa forma mais superficial. Terceiro: o prazer encontrado nos jogos libera uma descarga de substâncias químicas no cérebro que gera uma sensação de prazer. Cada vez que a pessoa quer evitar algo ruim, corre para essa saída, digamos, mais atraente. É um jeito pobre de lidar com seus humores e frustrações – que desemboca em ...mais joguinhos.  

É claro que a cultura digital veio prá ficar. Mas assim como a escrita não acabou de todo com a tradição oral, nem a TV aniquilou o rádio, os computadores não vão substituir a bicicleta, a bola e tantos outros jogos e brinquedos que ajudam a criança a se conhecer e a aprimorar sua relação com o mundo e com os outros. Cabe a nós, pais, estabelecer a dosagem de cada brincadeira para que os pequenos tenham uma vivência mais rica. E absorvam muito mais do que estratégias para pontuar no Candy Crush. 

É isso!

Gabi

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